Hoje é Dia de Crônica! Ida à feira terapêutica. Leveza e descontração, caminhos do coração.
Quem diria que uma eventual ida à feira de domingo me faria tão bem! Foram três eventos sucessivos que deveras alegraram meu dia.
Primeiramente, caminhei até a barraca das bananas, que geralmente são as últimas, de modo que andei bastante. E vale dizer que feira não é algo que me atrai muito devido ao esbarra-esbarra de gente indo e vindo e gritando na sua orelha. Ora, já inventaram os sacolões pra gente chata como eu! Porém era um domingo diferente e quis chegar na barraca da família de um conhecido meu.
Parei em frente às nanicas - as minhas preferidas pela ironia do nome! - quando uma senhora chinesa de um metro e meio de altura, chapéu arredondado na cabeça e um largo sorriso no rosto me atende. Sua energia era contagiante e não resisti ao comentário: Seu sorriso é lindo! E isso estartou o relato dela que agora reproduzo em sua própria voz:
“Você sabe que eu sempre fui uma pessoa muito feliz, minha vida toda. Nunca tive tristeza. Mas teve uma vez que eu peguei dengue e fiquei muito ruim, me derrubou uns três dias de cama, corpo dolorido e eu fiquei muito triste. Até falei pro médico que eu tava ficando deprimida e ele me disse que era sequela da doença, que ia passar. Eu me sentia pra baixo, sabe, tava derrubada. E um dia, caminhando na calçada, veio na minha direção um homem alto, forte, negro, que me deu um sorriso bem largo e me disse bom dia. Aquilo entrou no meu coração e me levantou, você acredita? Então, na volta, encontro com ele de novo, tinha ido buscar o filho na escola. Parei perto dele e disse: Posso te abraçar? Ele falou claro, e nos abraçamos alguns segundos e foi tão bom. Expliquei pra ele que seu bom dia tinha mexido comigo, tinha me animado. Ele sorriu e partiu. Desde aquele dia, não senti mais tristeza.”
A conexão da alma humana é real, basta que estejamos abertos a recebê-la e também a nos doarmos.
Agradeci sua partilha e, depois disso, fui comprar algumas folhas para a salada. O rapaz, muito simpático, me atendeu e disse o valor da minha compra, brincando que com as bananas seriam dez reais a mais. Sorri e retruquei dizendo que a banana já estava paga, mas poderia lhe dar uma, caso quisesse. E ele respondeu: “Banana combina com cerveja?” Achei que ele estava brincando, mas mostrou a latinha na mão, olhei para um casal ao lado e, rindo, disse: “Ei, isso dá justa causa!” Ao que ele retrucou: “Mesmo quando foi o patrão que deu?” Caímos todos na gargalhada.
Já estava indo embora quando ouço o rapaz de uma banca gritar - como é costume dos feirantes - “Hoje eu vou vender tudo aqui!” e antes que eu virasse a esquina para sair da feira, ouço outro rapaz de outra barraca gritar: “Problema seu!” Mais risadas e alegria contagiante no ar!
Bendito domingo!
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