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Mostrando postagens de setembro, 2024
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    Sobre as ondas que esto uram aos pés   do promontório em que me encontro,    vejo a força da natureza. Força, algo que procuro. E junto ao céu avermelhado do crepúsculo que traz o vento sereno e calmo – algo que também procuro – vejo as aves em seus malabarismos aéreos, que giram e plainam perfeitas, certas do que fazem, decididas e vivazes... Ao longe, mar e céu se encontram numa linha contínua e ilusória a me lembrar que de sonhos também se faz a vida... E nesse deslumbrante cenário natural descubro coisas que livro algum pode me ensinar; força, serenidade, determinação, paz...

Reconto de Felicidade Clandestina, Clarice Lispector. O outro lado da história.

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Como odiava tudo aquilo! Relembrar os meus tempos de criança, quando morava em Recife, é algo que evito fazer. Eu sempre fui uma menina feia, gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos. Meu corpo já desenvolvido para a idade, mostrava seios de mulher sob a blusa fina. Era alvo fácil das piadas das menininhas da sala. Todas elas horrivelmente magrinhas, de cabelos lisinhos, riso fácil, amiguinhas umas das outras, sempre faziam rodinha me excluindo das conversas. E como se não bastasse, às vezes olhavam para mim e riam à beça! Minha vontade era de socar a cara de cada uma delas. Mas qualquer reclamação àqueles tempos de colégio, era tido como desobediência às normas da escola. Então, minha única saída era vingar-me na hora do recreio, quando passava perto delas de cabeça erguida e chupando minhas balas, fazendo muito barulho para mostrar o que eu tinha e elas não. Sorte minha ter sido bem-nascida. Pelo menos meu pai era dono de livraria e ganhava um bom dinheiro com isso....